quarta-feira, 24 de julho de 2013
Que venha o povo!!
Segue abaixo as entrevistas de alguns moradores do bairro, eles possuem diferentes perfis e todos falam sobre o desenvolvimento e as transformações que ocorreram com o passar dos anos em Cajazeiras e mais especificamente na Fazenda Grande 3
E a contemporaneidade!!
O
bairro de Cajazeiras se desenvolveu e hoje em dia possui uma das maiores
estruturas habitacionais de toda a América Latina, dividido em mais de 13
diferentes conjuntos, e com uma população estimada de mais de 500 mil
habitantes. Problemas encontrados a cerca de 25 anos atrás como a falta de
serviços como Bancos e Correios, passaram a ser resolvidos dentro desta última
década, porém o transporte público e a dificuldade cada vez maior de mobilidade
dentro do bairro, com ares de cidade, continuam sendo problemas evidentes, que
não conseguiram ser transformados desde o surgimento do “Projeto Cajazeira”.
Cajazeiras representada no Google Maps
![]() |
Visão por satélite do centro comercial de Cajazeiras, a Rótula da Feirinha
A construção de "Cajazeira"
Seguindo
esta lógica de ocupação do miolo de Salvador, surge na década de 70, o projeto
do bairro de Cajazeiras, que viria a ser projetado em cima do território de
três grandes fazendas que ocupavam esta região e que juntas somavam por baixo
mais de 16 milhões de m². Em extensão territorial. As mesmas são expropriadas
pelo governo estadual, a partir de um decreto do ano de 1975, e a pedra
fundamental do bairro é lançada pelo então Governador Antonio Carlos Magalhães,
apesar de que o início e a conclusão das obras só se dariam no mandato do seu sucessor
o Governador João Durval.
As
obras de construção habitacionais do projeto de bairro se iniciam no ano de 1976,
e em 1977 são entregues os dois primeiros conjuntos que funcionam como
“testes”, já em 1983 possuem as obras estavam em pleno vapor e a previsão era
de que houvesse a construção de 22 mil habitações, gerando moradia para uma
população estimada de 150 mil habitantes. Essas novas habitações passam a ser
entregues a partir do ano de 1985 e desde que estas ocorrem o bairro, passa
assim como em outras localidades de Salvador a sofrer um crescimento
desordenado.
Reportagens
do período em que foram entregues os primeiros imóveis, na região de
cajazeiras, atestam que o bairro estava literalmente isolado do centro
possuindo como meio de interligação com a “cidade” apenas a Estação Estrada
Velha – EVA, que era conhecida como campo de concentração pelos locais, os
mesmos, nessas matérias, datadas de 1988, já reclamavam de problemas
relacionados ao transporte público e a infraestrutura do bairro, questionando
falta de cobertura de itens básicos como a água, o asfaltamento em determinadas
regiões e a segurança.
Links para reportagens acerca da construção do bairro:
AZEVEDO, Carmen.
Moradores de cajazeiras fazem caminhada.
Correio da Bahia, 23/05/2006, Aqui Salvador, p.3 Disponível em <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/doc-polo/moradoresdecajazeirasfazemcaminhada.pdf> Acesso
10/05/2013
Cajazeiras um bairro que virou cidade. Tribuna da
Bahia, 20/03/1988, Cidade p.2 Disponível em <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/vivendo-polo.php?cod_area=4&cod_polo=29> Acesso
10/05/2013
NUNES, Roberto. Cidade de “médio porte”. Correio da
Bahia, 06/09/1997, p.14 Disponível em <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/doc-polo/cidadedemedioporte.pdf> Acesso 10/05/2013
PROJETO CAJAZEIRAS VAI TER 22 MIL HABITANTES. A tarde,
06/10/1983, Caderno 1, p.2 . Disponível em <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/doc-polo/projetocajazeirasvaiter22.pdf> Acesso
10/05/2013
ROCHA, Nikas. Bucolismo é o que alegra em cajazeiras.
A tarde, 02/06/2001, Local, p.4 Disponível em <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/doc-polo/bucolismoquealegra.pdf> Acesso
10/05/2013
SOUZA, Emanuela.
Cajazeiras: capital com jeito de
interior. Tribuna da Bahia, Salvador, 30 out. 2001. Disponível em <http://www.culturatododia.salvador.ba.gov.br/doc-polo/cajazeirascapitalcomjeito.pdf> Acesso
10/05/2013
segunda-feira, 22 de julho de 2013
A expansão para o miolo
Já
durante o referido século, XX, Salvador passa por uma série de transformações
que viriam a implicar diretamente não só no surgimento de Cajazeiras, mas
também em todo o desenvolvimento do miolo da cidade. Sendo este miolo
compreendido entre as áreas da Avenida Paralela e da BR-324, se estendendo até
o norte da cidade, e compreende uma região que atualmente compõe nada menos do
que 41 bairros.
As
transformações supracitadas ocorrem principalmente devido a necessidade de
urbanização da cidade, já que a região do centro já não conseguia suportar a
imensa demanda demográfica que vinha sofrendo, sendo assim a solução encontrada
pelo governo deste período foi sistematicamente ir ocupando a até então não
completamente explorada região do Miolo de Salvador. Os projetos passam a ser
idealizados tendo em vista construir uma série de moradias, basicamente
apartamentos; casas individuas e geminadas, que possibilitassem que a população
de classe média baixa, passasse a ter um local para morar.
![]() |
Trecho abrangido pela atual BR-324 |

Referência das imagens: Foto Avenida paralela, disponível em http://blogdocharless.blogspot.com.br/2011/08/metro-de-salvador.html Acesso 12/07/2013
Mapa Br-324 disponível em <http://www2.transportes.gov.br/bit/02-rodo/3-loc-rodo/loc-rodo/324.htm> Acesso 12/07/2013
Momento de Transição pós auge colonial
A
urbanização da cidade de Salvador continua em pleno desenvolvimento até que a
cidade entra em crise devido ao fim da exportação do açúcar e da mudança da
capital do Brasil para a cidade do Rio de Janeiro, e mesmo antes desse momento
histórico já existia na cidade um tipo de segregação social no momento de
ocupação do espaço físico, enquanto os ricos possuíam o direito de ocupar as
regiões do centro da cidade, as populações mais pobres da cidade eram
sistematicamente empurradas para as periferias, e este foi um movimento
contínuo que durou desde o fim do século XIX e perpassou em grande parte por
todo século XX também.
Seguem abaixo alguns links que constam informações pertinentes a mudança da Capital para o RJ e as consequência dessa mudança:
http://mudancadecapital.wordpress.com/ acesso 18/07/2013
BICALHO, Maria Fernanda. O Rio de Janeiro no século XVIII: A transferência da capital e a construção do território centro-sul da América portuguesa. Disponível em <http://www.ifch.unicamp.br/ciec/revista/artigos/dossie1.pdf> acesso 16/07/2013
http://www.juraemprosaeverso.com.br/HistoriasDasCidadesBrasileiras/HistoriaDaCidadeDoSalvador.htm acesso 18/07/2013
A criação dos quilombos e sua relação com o bairro de Cajazeiras
Trabalhando
com a perspectiva destes quilombos, fundamentais para que possam ser discutidas
posteriormente questões referentes ao surgimento do Bairro de Cajazeiras, podem
ser citados o fato de que os mesmos se organizavam enquanto estruturas sociais
independentes baseados em uma cultura de subsistência fundamentada na caça,
pesca e agricultura, e mantendo uma relativa proximidade com o convívio social
urbano, já que existiam interações entre os quilombolas e os escravizados
residentes na capital.
Dentre
os quilombos que existiam próximos e/ou na região do atual bairro de Cajazeiras
são destacáveis: O quilombo do Orubu/Urubu situado próximo à freguesia de
Pirajá, no sitío do cabula, comunidade baseada em uma organização fortemente
religiosa, e que se situava no que hoje seria a região entre os bairros do
Cabula até o início de cajazeiras, tendo como um dos seus marcos remanescente
na geografia da cidade, uma lagoa situada na atual região da Brasilgás. Sendo
este destruído no ano de 1826 por tropas de Pirajá em represália a supostas
ações de furtos e homicídio cometidas pelos quilombolas nas regiões do entorno
da localização do quilombo.
O
outro quilombo a ser destacado dentro desta região é o Quilombo do Buraco do
Tatu, formado no ano de 1744 e destruído 20 anos depois. O mesmo se localizava
no que hoje são as áreas dos bairros de Itapuã até as localidades das Fazendas
Grandes II, III e IV, já dentro da região de cajazeiras. Este quilombo foi
destruído, pois o então governo colonial considerava o mesmo enquanto ameaça
constante a cidade, devido principalmente ao fato de os quilombolas desta
região estarem em permanente contato com os escravizados da capital, e temendo
algum tipo de golpe, o governo então organiza uma expedição com 200 homens e
deflagra a destruição do Quilombo do Buraco do Tatu.
![]() |
Planta do Quilombo do Buraco do Tatu destruído no ano de 1764 |
Link para crônica sobre a história do Quilombo do Urubu: http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/2651153
Imagem atribuída a líder do Urubu /ou Orubu, Zeferina:
Referências das imagens: http://www.overmundo.com.br/banco/zeferina-da-bahia
A ocupação de São Salvador
A
ocupação da cidade ocorre inicialmente pelos colonos vindos de Portugal juntos
com Tomé de Souza, que passam a se estabelecer na cidade e desenvolver suas
atividades comerciais, além de começarem a expansão para as regiões
metropolitanas da capital tendo em vista o cultivo da cana de açúcar. Para além
dos europeus que começavam a chegar na cidade a mesma passou a ser habitada
também por diferentes populações africanas trazidas ao Brasil na condição de
escravizadas, para trabalhar enquanto mão de obra na construção da capital, mas
principalmente nos engenhos de produção de açúcar.
É
importante destacar que esses primeiros movimentos de ocupação da cidade de
Salvador são focados principalmente no que na atualidade, se configura como sendo
o centro da cidade, as regiões mais afastadas deste, eram geralmente
pouquíssimo habitadas, e quando estas começaram a ser povoadas, tal processo
foi feito principalmente pelos escravizados que se libertavam e conseguiam
escapar do domínio opressivo imposto pelos colonizadores, e buscavam refúgios
nessas até então desbravadas matas, que com o passar do tempo passaram a abrigar diferentes
quilombos situados ao redor da cidade.
![]() |
Praça Tomé de Souza atualmente, situada em Salvador era a região da praça era sede do então regente Tomé de Souza, a localização do palácio era estratégia pela visão privilegiada que a mesma possui da Baía de Todos os Santos. Trailer do Filme Amistad, que retrata sinteticamente um pouco do que foi a captura e o transporte de alguns povos africanos para o brasil na condição de escravizados. Referências: http://www.youtube.com/watch?v=I_yfnUDVrIc acesso 22/07/2013 Praça Tomé de Souza, imagem disponível em http://www.bahia-turismo.com/salvador/centro-historico/praca-thome-souza.htm acesso 19/07/ 2013 |
Voltando no tempo, de onde viemos até aonde estamos
Tomé de Souza, da sua chegada a fundação da cidade
Dando sequência no passeio,
Vamos ao tempo antigo voltar,
Da época de Tomé de Souza eu venho aqui pra te falar,
Ele foi indicado, como governador geral
Pela coroa portuguesa, em 1549, embarcou nas caravelas e naus
Partindo para tomar posse do território recém descoberto território,
Fazendo de São Salvador a primeira capital
Aqui nessa terra boa, donos já existiam,
Eram os índios tupinambás, que já viviam na Bahia,
Bahia que ganhou esse nome, por uma característica peculiar
Foi por conta da Baía que virou de todos os Santos,
Que era utilizada pelos índios e posteriormente para os colonizadores,
Conseguirem se deslocar.
![]() |
Chegada de Tomé de Souza |
![]() |
Imagem atribuída a Tomé de Souza |
Fonte das imagens: http://historiapensante.blogspot.com.br/ acesso 22/07/2013
sábado, 11 de maio de 2013
Inaugurando os trabalhos com um resgate a ancestralidade!
O presente blog surge enquanto proposta avaliativa dentro da disciplina de Referenciais Teórico-Metodológicos para o Ensino de História no Ensino Fundamental, cursada dentro do semestre 2013.1, ministrada pelo docente Alfredo Matta, na Universidade do Estado da Bahia - UNEB.
Eu autor deste blog, me chamo Antonio Mario, 21 anos, negro, do cabelo black power, morador da periferia mais precisamente do bairro de Cajazeiras, lugar histórico dessa cidade que através dessa página buscaremos contar um pouco mais da história!
Inauguramos nossos trabalhos, pedindo licença aos ancestrais e mostrando um pouco de onde viemos e para que viemos, logo de cara no nosso primeiro post, temos a foto da Pedra do Buraco do Tatu, situada na Fazenda Grande II, mas precisamente em um região conhecida hoje em dia como "Pistão" pelos populares, mas que, na antiguidade nada mais era do que uma das entradas paras as populações negras que conquistaram sua liberdade à força e buscavam refúgio na comunidade de resistência afro-religiosa-social do Quilombo do Orubu/Urubu. E buscaremos aqui contar um pouco mais da história de como Cajazeiras se tornou, e é um, lugar histórico na Cidade de São Salvador da Bahia!
Assinar:
Postagens (Atom)